segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Geometria Descritiva

A Geometria Descritiva, também chamada de geometria mongeana ou Método de Monge, foi desenvolvida por Gaspard Monge no sec. XIII
À data, o Exército Francês era o único que dispunha de métodos de cálculo para determinar as melhores posições para escapar ao fogo da artilharia inimiga. Para fugir dos complicados cálculos usualmente empregados nesse e em outros problemas da engenharia militar, o matemático Gaspard Monge (1746-1818) desenvolveu uma técnica tão simples que não recebeu atenção dos superiores. Assim começou a geometria descritiva, que hoje se aplica não só a desenhos ou projetos técnicos, mas também nas artes e na fotografia.
Ao perceberem a genialidade e a importância bélica do novo método, os militares mantiveram-no em segredo por 15 anos. Só era permitido ensiná-lo aos futuros engenheiros militares.
Somente em 1794, em plena Revolução Francesa, Monge pôde divulgar sua invenção em escolas civis de Paris. Publica “Geométrie Descriptive Leçons données aux Écoles Normales l`na 3 de la Republique”, onde ele organiza o método das projeções ortogonais e como o mesmo escreve no prefácio:
 “representar com exatidão por meio de desenhos que têm duas dimensões os objetos que têm três e que são capazes de definição rigorosa”
A Geometria Descritiva é uma disciplina bianual que integra a formação específica dos alunos do Curso Geral de Artes Visuais, bem como os do Curso Geral de Ciências e Tecnologias.
É um ramo da Geometria que tem como objetivo a representação de objetos tridimensionais em planos bidimensionais.
Tendo em conta a natureza da disciplina, o estudo da Geometria Descritiva permite um desenvolvimento aprofundado das capacidades de ver e entender o espaço envolvente, bem como de saber organizá-lo e catalogá-lo Desta feita, proporciona instrumentos específicos para trabalhar o desenho, para criar novos espaços e novos objetos, tornando a sua possibilidade formativa extremamente abrangente. Assim sendo, esta disciplina torna-se fundamental em áreas onde o espaço é basilar, tal como a arquitetura, o design a engenharia e as artes plásticas.
A Geometria Descritiva contribui também para a formação do aluno como pessoa como ser. É fundamental para que se consiga estabelecer uma interlocução entre a mão e o cérebro no desenvolvimento recíproco de ideias e representações gráficas.

Objetivos Gerais da Disciplina de Geometria Descritiva A


A Disciplina, de Geometria Descritiva A, tem como finalidade e objetivo central, o desenvolver a capacidade de perceção do espaço, das formas visuais e suas posições relativas, consequentemente todos os conteúdos da disciplina, são considerados como estruturantes e essenciais para o desenvolvimento do conhecimento desse mesmo espaço articulado com a aprendizagem da representação descritiva das formas.
Para existir um entendimento adequado e profundo do espaço e seus componentes, é imprescindível a aprendizagem de inúmeros conceitos e conteúdos, nomeadamente:
Espaço, Formas Visuais no Espaço, Posições Relativas no Espaço
Para se poder entender o espaço, temos que conhecer o que o compõe, e como o mesmo é definido. Como espaço entende-se um lugar vazio entre limites. O espaço é limitado através de planos, que por sua vez, são compostos por retas e pontos.
As formas visuais são o que podemos encontrar e representar no espaço: pontos, retas, planos, figuras planas, superfícies, sólidos e sombras.
As formas não se vêm isoladas, como partilham o espaço com outras formas, dependem entre si e influenciam-se. Podemos identificar relações de paralelismo, perpendicularidade, concorrência ou interseção, distancia, ângulos ou sobreposições.
Claro está, que todos estes conceitos são aprendidos de forma gradual e a inter-relação entre eles também. Mas é efetivamente através destas aprendizagens que se aprende a ver o espaço e a entendê-lo.
“De facto, a Geometria Descritiva desenvolve, no aluno, uma perceção diferente da realidade envolvente e palpável, através de disciplina mental adquirida que, gradualmente altera a sua atitude perante aquela e o seu entendimento da mesma” (Santa-Rita, 2007)
É evidente que os objetivos da disciplina ultrapassam em larga escala, a mera preparação técnica para a produção de desenho de projeto, não se destina só a formar arquitetos ou desenhadores. Uma das vertentes mais importantes da disciplina de Geometria Descritiva, é a formação pessoal do indivíduo.
Além das competências técnicas e objetivas que o programa pretende ver desenvolvidas, existem outras de não menos importância, que se refletem a nível atítudinal. A disciplina dotada de características tão específicas, promove uma abertura de espírito, um autodespojamento do falso saber. Um adquirir de metodologias de estudo de trabalho e de projeto, permitindo a adesão ao processo continuo de aprendizagem, levando a uma aceitação dos altos e baixos e constantes mudanças inerentes a tais processos. Proporciona também uma disciplina e maior capacidade de organização rigorosa de pensamentos, facilitando a resolução de problemas, que por vezes se apresentam com mais do que uma resolução possível. Em suma, aqui o saber não é só o saber fazer, mas também o saber como, poder saber fazer
Onde se verifica e identifica primeiramente a aplicação das aprendizagens dos conteúdos programáticos da Geometria Descritiva é na Arquitetura e no Design de Equipamento.
Contudo, tendo em conta a alargada influência que a disciplina tem sobre um indivíduo na sua formação académica e pessoal, em disciplinas como Desenho, Fotografia, Escultura, Pintura, etc… a sua influência e a aplicação dos conhecimentos são de suma importância.
Para que todos estes objetivos sejam alcançados existe a necessidade de garantir e desenvolver a visualização mental e a representação gráfica de formas reais ou imaginárias. Para a resolução de um problema, é fundamental saber interpretar uma exposição descritiva de uma forma e relacioná-la com o espaço. A criatividade não pode ser descurada, sendo de total importância para a resolução dos mesmos.
Dada a exigência e as características técnicas e rigorosas da disciplina, dá-se um normal desenvolvimento e um crescente progresso à autoexigência e espírito crítico, bem como o desenvolvimento de atitudes de autonomia, solidariedade e cooperação, que promovem a realização pessoal do aluno.
No que respeita a conteúdos e conhecimentos de ordem prática da disciplina, pretende-se que se conheça a fundamentação teórica dos sistemas de representação diédrica e axonométrica, identificando os diferentes tipos de projeção e os princípios base dos dois sistemas, bem como a predisposição particular de cada um.
Pretende-se também representar com exatidão, através de desenhos que só têm duas dimensões, os objetos que na realidade têm três e que são suscetíveis de uma definição rigorosa e deduzir também da descrição exata dos corpos as propriedades das formas e as suas posições respetivas.
Conhecer vocabulário específico da Geometria Descritiva e utilizá-lo bem como ao conhecimento dos sistemas estudados no desenvolvimento de ideias e na sua comunicação.
Conhecer aspetos da normalização relativos ao material e equipamento de desenho e às convenções gráficas e utilizar corretamente os materiais e instrumentos afetos ao desenho rigoroso